Muitas pacientes, durante a gravidez, já se preocupam em minimizar e até em reparar os danos que a gestação e amamentação possam produzir nas mamas. Dentre tantos desafios na gravidez, essa insegurança surge sobre a capacidade de amamentar e realizar a cirurgia de aumento das mamas parece que são duas coisas que não podem caminhar juntas. Para responder a estas muitas indagações, resolvi escrever este artigo.
Creio que como em toda área estética, a primeira preocupação deve ser sempre a de minimizar os danos, para depois pensar em repará-los. Quanto menor for o dano, melhor será o reparo!
Sobre a amamentação
A prática da amamentação salva milhões de crianças em todo o mundo, prevenindo milhões de doenças, como diarreia e infecções respiratórias agudas, além disso, protegem contra:
- a morte súbita do lactente;
- o diabetes insulinodependente;
- a doença de Crohn;
- a colite ulcerativa;
- doenças alérgicas e crônicas do sistema digestivo, entre outras.
o ato de amamentar protege a mãe contra o câncer de mama e de ovário, proporciona maior rapidez na involução uterina diminuindo o risco de sangramento pós-parto e de anemia, e também reduz o gasto mensal com a compra de leite.
Existe um aumento estável do AM – aleitamento materno -, gradual (60% em 1993-94 para 77% entre 2005-06, nos EUA). As recomendações são aleitamento exclusivo até aos 6 meses e posteriormente em associação à alimentação complementar até aos 2 anos.
A amamentação vai depender de questões fisiológicas, escolha pessoal, condições socioculturais e da influência dos profissionais de saúde. A cirurgia mamária pode alterar a integridade da estrutura mamária, podendo dificultar o processo de AM.
Durante amamentação
A pele das mamas sofre durante a ação um estiramento devido ao aumento do volume mamário. Depois do parto, no período do aleitamento, sofrerá ainda maior estiramento, produzido por um crescimento complementar pela produção do leite, acrescido da sucção do filho. Isso tudo acontece em um período muito curto, nos últimos meses da gestação e primeiros meses do pós-parto.
Sendo a pele um tecido elástico, ela estenderá acompanhando o aumento do volume das mamas, por maior que seja. Porém, algumas fibras elásticas, que dão a elasticidade à pele, sofrem ruptura ao serem excessivamente esticadas, dando origem às temidas estrias. E então, como fazer para minimizar o risco de estrias?
Bem, precisamos lembrar que a mama é formada por tecido de glândula e gordura. A glândula aumenta de volume dependendo do biótipo da paciente e da quantidade de leite produzida. Sobre isso não temos como agir. Porém, a mama também ganhará volume de gordura, caso a paciente engorde muito na gestação.
Como visto em artigo que escrevi anteriormente, o peso ideal a ser ganho em uma gestação normal é de até 10 kg (distribuídos entre o feto, placenta, líquido amniótico, etc.). Acima disso, o peso é gordura, totalmente desnecessário e prejudicial em termos de estética. Sendo a mama um tecido gorduroso, ela aumentará proporcionalmente ao excesso de peso, estirando a pele desnecessariamente, originando estrias evitáveis.
Hidratar bem a pele durante a gestação e a amamentação, assim como manter-se no peso gestacional ideal, são meios eficazes de minimizar as estrias da gravidez. Ao hidratar a pele, as fibras elásticas ganham elasticidade, rompem-se menos, geram menos estrias.
Mamoplastia
E depois do parto, qual a hora de operar? A mamoplastia pode ser feita no período da amamentação? Essa dúvida é muito comum, quando durante esse período a mama reduz de tamanho, e as pacientes que já tinham pouca mama sentem que ficaram “sem nada”. Este caso é comum em pacientes magras e com pouca mama. Nos pacientes com tecido mamário moderado a grande antes da gravidez, é comum um grande aumento com a amamentação.
Para responder, vamos ponderar alguns fatos:
A mama no período da amamentação está produzindo leite. Se tiver leite armazenado, ela está acima do volume sem lactação (seco), mesmo que tenha reduzido de tamanho com a amamentação (esta redução se deve à atrofia da glândula).
Logo, assim que parar de amamentar, a mama cessará em alguns meses de produzir o leite e reduzirá ainda mais de volume. Isso também vale para as mamas grandes. Portanto, para se ter uma estimativa correta do volume da prótese a ser usada (mamoplastia de aumento), ou do volume a ser retirado (mamoplastia redutora), a mama deve estar com o tamanho seco, sem produzir leite.
Outro fator importante, é que o leite não é estéril, e operar na lactação aumenta o risco de infecção, desnecessariamente.
Esperar ou realizar a mamoplastia de aumento antes de ter filhos?
Essa questão e escolha depende exclusivamente da paciente, mas muita gente tem optado por realizar a mamoplastia de aumento antes da gravidez. Isso porque o silicone não interfere no processo de amamentação.
Porém, a decisão deve ser levada em consideração no quanto que o aumento da autoestima ocasionado pela cirurgia pode aumentar a qualidade de vida naquele momento.
Vale lembrar que colocar uma prótese de mama aos 20 anos não significa que deverá se submeter a outra cirurgia aos 45 anos.
Caso a paciente opte por realizar o procedimento apenas depois de se tornar mãe, é aconselhado uma espera de cerca de seis meses após a parada da amamentação além de outras orientações do cirurgião plástico.
Conclusão
Sendo assim, concluímos que o melhor a fazer é hidratar bem a pele durante a gestação e amamentação, engordar o mínimo necessário para uma gestação saudável e esperar terminar o período, para depois de alguns meses, com a mama desinchada e sem leite, fazer a correção com a mamoplastia.
Assim, teremos o melhor resultado, com a maior segurança. Vale lembrar, que no caso outra gestação após cirurgia, a mama distenderá novamente e poderá recorrer uma certa flacidez, devido à nova distensão.
Dr. André Gonçalves de Freitas Colaneri
Cirurgião Plástico Especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica